domingo, 10 de janeiro de 2010

E Deus se arrependeu... (Parte 1)

"Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito que lhes faria e não o fez." (Jonas 2.10)


Interessante ler que Deus se arrependeu de alguma coisa que havia dito anteriormente. Há quem diga que Deus nunca se arrepende, mas certamente tal pessoa nunca pôs os olhos no livro de Jonas, ou não conhece a história de Noé (sobre isto falarei no próximo post). O fato é que a notoriedade de Deus está em seu caráter único, exemplar e possível de ser reproduzido por nós, criados à sua imagem e semelhança. Já ouvi muitos dizerem que não se arrependem de nada. Você já deve ter ouvido essa velha conversa: "Só me arrependo do que não fiz."
A Bíblia, no entanto, ensina o arrependimento: "Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus." (Mateus 3.2); "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do SENHOR." (Atos 3 : 19).
Arrepender-se é perceber a necessidade de voltar atrás, começar outra vez, abandonar atitudes destrutivas e prosseguir. É admitir que somos falhos, que temos a característica inata de pecar, mas que podemos dar a volta por cima e nos reerguer.
É claro que o arrependimento que Deus sente não é por algum pecado que ele tenha cometido, algo impossível para ele. No livro de Jonas, Deus voltou atrás em sua palavra porque foi provocado. Ele havia dito que destruiria a cidade de Nínive, mesmo sendo uma cidade muito importante para ele (Jonas 3.3,4). Por causa dessa importância, o Senhor convocou Jonas para que pregasse ao povo do lugar, a fim de que se arrependessem.
Depois de muito resistir (leia o livro para saber o quanto o profeta relutou), Jonas chegou em Nínive e pregou ao povo. A reação dos ninivitas é imediata: "Os ninivitas creram em Deus, e proclamaram um jejum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor." (Jonas 3.5) Até o rei da cidade se arrependeu. Era necessário que todos se prostrassem e se humilhassem perante o Senhor, pois quando um órgão do corpo está doente, todo o corpo deve submeter-se ao tratamento. Não se pode extrair o fígado para tratá-lo de uma hepatite e, depois de curado, devolvê-lo ao corpo. É preciso que haja uma mobilização do corpo para que um órgão seja sarado.
Se um só habitante de Nínive não se arrependesse, imagino o que seria da cidade. Quando Deus falou ao povo de Israel sobre conversão e arrependimento, englobou em sua palavra cada integrante da população: "E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra." (2 Crônicas 7.14)
Deus viu o que os ninivitas haviam feito, e isso provocou sua misericórdia. Então, DEUS VOLTOU ATRÁS.
A Igreja precisa se arrepender, para mover o coração de Deus, e atrair sua misericórdia para nós. Não tenha dúvidas; Deus não vê problema algum em mudar o que disse anteriormente, mas para isso é indispensável que nos humilhemos e nos prostremos. E nossa terra será sarada.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Matadores de Profetas (Lucas 11.45-52)

Não sou o melhor dos escritores, nem o melhor dos leitores, mas sei bem reconhecer quando estou diante de um texto veemente. E o texto de Lucas 11.45-52 é nada menos que veemente. Trata-se de uma passagem cheia de vigor e energia, sem meias palavras, embora se abra para várias reflexões diferentes.
Ao criticar duramente os intérpretes da lei, Jesus dá um recado duro aos cristãos que até hoje dão continuidade ao pecado dos homens dos primeiros séculos: o assassinato de profetas.

Respondendo a um dos intérpretes da lei, Jesus disse: "Ai de vós também, intérpretes da lei! Porque sobrecarregais os homens com fardos superiores às suas forças, mas vós mesmos nem com um dedo os tocais. (v. 46)" Jesus não se intimidava com os detentores do poder entre os judeus. Ele se impunha como autoridade máxima do universo quando precisava. E denunciava as mazelas religiosas impostas por aqueles que deveriam ser exemplo de amor e misericórdia. Os senhores da lei não se importavam em estabelecer novas regras a cada nova leitura dos rolos da Torá. Frequentemente novos costumes eram "descobertos" e deveriam ser observados, não importava a que preço. Mas as coisas funcionavam como aquele antigo provérbio: "Faça o que eu digo, mas não o que eu faço."
É fácil sobrecarregar outras pessoas com fardos cada vez maiores. Difícil é nós mesmos tomarmos nossa cruz. E quando não tomamos nossa cruz, quando não morremos para nós mesmos, nos deleitamos em ver outros caminhando para seus sepulcros. Não nos importamos com os fardos dos outros enquanto nós mesmos não experimentarmos o peso dos nossos próprios fardos.
Quanto sangue de profetas não foi derramado literalmente por causa de regras e costumes absurdos, criados por conveniência de líderes considerados "espirituais", que nunca sujaram os pés na lama de estradas de chão, muito menos puseram as mãos no barro para construir vasos.
Quantos profetas não foram calados por imposição de líderes irresponsáveis e egoístas, que não toleram objeções nem críticas!
Mas o Senhor não deixará estes líderes impunes: "Sim, eu vos afirmo, contas serão pedidas a esta geração. (v. 51)"
O Evangelho de Jesus é simples. Desfrutar dele requer simplesmente o desejo de ser transformado à medida da Sua estatura. Vestimentas, estilos musicais, protocolos, liturgia, nada disso poderá levar o homem a Deus. É apenas quando nos desvencilhamos destas armadilhas disfarçadas de "doutrina", que experimentamos qual seja a "boa, perfeita e agradável vontade de Deus.(Rm 12.2b)"

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Multiplicando a confiança (Marcos 8.1-10)

Olá a todos! Este é um novo blog que pretende ser uma espécie de diário espiritual para mim. Todos os dias vou escrever sobre algo que li na Bíblia. Desta maneira, tenho algo que me estimule a conhecer mais sobre Deus e sua palavra, e um compromisso de leitura que certamente fará com que eu me desenvolva espiritualmente.
Para começar, quero compartilhar algo que achei bem interessante numa leitura que fiz ontem.
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Os discípulos já haviam visto isto acontecer antes. Em outra oportunidade Jesus já havia se deparado com uma situação como aquela: uma multidão faminta por ouvir as palavras do Mestre. E então, a mesma multidão desejosa por algo para alimentar o corpo. E Cristo multiplicou pães e peixes e alimentou a multidão (Marcos 6.30-44).
Apenas dois capítulos recheados de milagres e maravilhas depois - Jesus anda sobre o mar, debate com os fariseus e os deixa sem palavras, fica estupefato com a fé de uma estrangeira e cura um surdo e cego. Dois capítulos depois e novamente os discípulos se veem em uma situação semelhante: uma multidão faminta e pouco alimento para tanta gente. Desta vez, porém, a cena é ainda mais dramática, pois há três dias que todas aquelas pessoas estão sem comer nada.
Preocupado, Jesus diz: "Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanecem comigo e não têm o que comer. Se eu os despedir para suas casas, em jejum, desfalecerão pelo caminho; e alguns deles vieram de longe (v. 2,3)." Aqui, Jesus dá uma bela oportunidade a seus seguidores. É como se ele estivesse dizendo: "Vamos lá, eu já lhes mostrei do que sou capaz! Vejamos se vocês aprenderam alguma coisa!"
A resposta, entretanto, é decepcionante. E demonstra uma tremenda falta de confiança naquele que realizou tantas maravilhas diante deles: "Mas os seus discípulos lhe responderam: Donde poderá alguém fartá-los de pão neste deserto? (v. 4)" É estranho observar esta reação nestes homens. Será que não apreenderam nada dentre todas as coisas que Jesus disse e realizou? Mas será que, se pensarmos bem, não podemos ver a reação daqueles homens como se estivéssemos olhando em um espelho? Afinal, todos já tivemos reação semelhante algum dia. Todos já nos deparamos com situações de fome, sem vislumbrar solução no fim da estrada. E todos nos perguntamos, mesmo depois de termos vivido experiências marcantes com o Senhor, como faríamos para sair dessa? Como saciar tamanha fome? De onde alguém poderá me fartar?
Não importa o tamanho do nosso Deus, se nossa fé é mesquinha. Algo parecido acontece com quem herda uma propriedade gigantesca, uma mansão enorme, numa fazenda maravilhosa, mas não tem o conhecimento necessário para administrar tal herança. Ou não tem dinheiro para mobiliar a mansão, nem prover a fazenda de recursos. Para que serve uma herança tão rica, se não é possível lidar com ela?
Jesus tem a resposta. Ou, como no texto bíblico, outra pergunta. "E Jesus lhes perguntou: Quantos pães tendes? (v. 5)" A única coisa que o Senhor faz é nos provocar para que nós mesmos encontremos a resposta. "Responderam eles: Sete." Isso acontece porque ele sabe que a resposta está dentro de nós, afinal, o Espírito Santo habita em nós e nos capacita a efetuar coisas além de tudo o que pedimos ou pensamos! Jesus faz a pergunta e depois não diz mais nada. Com a resposta dada pelos discípulos, ele age. Pães e peixes são multiplicados e as sobras chegam a sete cestos. Sete!
O Senhor está pronto para agir em nós miraculosamente. Ele deseja fazer com que simplesmente confiemos que aquele que está em nós é maior do que o que está no mundo. Ele quer transformar sete pães em muitos cestos de pães, de modo que nos fartemos e ainda reste sete cestos cheios. Cheios de confiança, fé e disposição para acreditar que ele é capaz. Sempre.