sexta-feira, 1 de julho de 2016

Discipulado, de Dietrich Bonhoeffer | Resenha

Faz tempo que não apareço por aqui. Talvez porque Deus estivesse me fazendo passar por um deserto, por um período no qual eu devia ouvir mais e falar menos, bem menos. Foi o que aconteceu. Na verdade, ainda está acontecendo. Deus tem falado muito ao meu coração, seja através da pregação da Palavra, seja através de amigos queridos, seja através de livros escritos por homens sábios, que conhecem a Deus muito melhor que eu, tanto quanto eu quero conhecê-lo.

Um desses livros é o assunto deste texto. Trata-se de Discipulado, escrito em 1937 por Dietrich Bonhoeffer, um teólogo alemão contemporâneo de Hitler, que morreu nas mãos do regime nazista, semanas antes da queda do Führer. Bonhoeffer trouxe, em sua mensagem principal, a permanente preocupação - podemos dizer angústia - de que a Igreja Cristã estivesse buscando uma graça barata, uma graça que justifica o pecado, não o pecador, que não exige nada de nós, como se o homem pudesse fazer o que bem entendesse, na certeza de que todo o preço já foi pago. Ele defendia e pregava sobre a graça preciosa, que para ele "é o tesouro oculto no campo, pelo qual o ser humano vende feliz tudo que possui; é a pérola preciosa, pela qual o mercador oferece todos os seus bens; é o domínio do reino de Cristo, pelo qual o ser humano arranca o olho que o faz tropeçar; é o chamado de Jesus Cristo, pelo qual o discípulo deixa suas redes para trás e o segue."

No magnífico clássico Discipulado, agora retraduzido e publicado pela Editora Mundo Cristão, Bonhoeffer afirma que a graça preciosa chama ao discipulado de Jesus Cristo. O autor conclama a Igreja a uma urgente e séria reflexão sobre o preço que os discípulos pagaram para servir ao Messias. Eles simplesmente seguiram, sem questionar nem ponderar sobre o que significaria obedecer ao Cristo. O livro exorta o leitor a se prontificar a seguir a Jesus, a se aprofundar no seu chamado e tomar sobre si o "jugo suave" e o "fardo leve" prometidos a nós.

Bonhoeffer rumina sobre as Bem-Aventuranças, tão conhecidas e tão citadas, colocando-as como o que há de mais extraordinário em ser cristão, em seguir a Cristo. Logo no começo de tudo, quando Jesus simplesmente começa dizendo "Bem-aventurados...", já aí há beleza e majestade em suas palavras. Diz o autor: "Ele os chama bem-aventurados. Nem pobreza nem renúncia são, por si sós, motivo para bem-aventurança. Apenas o chamado e a promessa, pelos quais os discípulos vivem em pobreza e renúncia, são motivos suficientes."

O chamado é precioso! É obra da graça!

Se tem uma coisa que me impressiona e me tira o fôlego na obra da redenção de Cristo, é o fato de o Eterno ter abandonado sua casa eterna, uma casa sem paredes nem limites, para habitar no corpo de um bebê, nascendo como nós, vivendo como nós, limitado por seus braços e pernas, sentindo tudo o que nós sentimos: dores, lamentos, angústias, fome, frio, sede, calor. Esse é o fato sobre Jesus que me deixa sem ar, sem palavras, totalmente maravilhado porque tudo isso ele fez por mim.

Lendo Discipulado eu não pude deixar de me sentir extasiado diante da precisão com que Bonhoeffer falou comigo, mesmo tendo escrito o livro há 79 anos! Certamente ele também falará com você. 

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