segunda-feira, 16 de julho de 2012

Um pouco de poesia



Amigo

Maior que toda a riqueza dos sultões
É o teu amor por nós
Mais perfeita que as pétalas de uma rosa
É a tua glória excelsa
Mais suave que o beijo de uma criança
É o teu consolo
Mais amplos que todo o universo
São teus braços a nos acolher
Mais belo que as montanhas da Escócia
É o teu rosto iluminado
Mais forte que o tremor de um vulcão em erupção
É a tua potente voz

És poesia que nem todos os poetas
Poderiam escrever
És pintura que nem artistas consagrados
Poderiam realizar
És canção que nem os maiores tenores
Poderiam entoar

És amor, paz, salvação
És o mar para onde corre meu rio
És sol e ao teu redor gira meu planeta
És coração que bate e me mantém vivo

És Deus
És Pai
És Filho
És Espírito

És Amigo!


17/03/99

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O verdadeiro Jesus poderia, por favor, se levantar?


Jesus conservador. Jesus legal. Jesus ativista. Por que não 
podemos moldar o Filho de Deus à nossa própria imagem


Jesus espera por nós do outro lado da porta da igreja todo domingo de manhã - ou, com uma expressão levemente reprovadora, na noite de sábado. O que foi, não consegue arrumar tempo no domingo de manhã?

Ele cheira nosso hálito para ver se não fumamos. Ele olha para se certificar de que estamos levando nossas Bíblias. (Créditos a mais se a tivermos no smartphone.) Ele devolve nossas garrafas depois de conferir seu conteúdo. Faz uso de uma fita métrica para se certificar de que as bainhas dos vestidos das mulheres não estão muito longe dos joelhos. Ele se assegura de que os homens estão usando camisas de colarinho.

Não certos de que esta seja a igreja certa para nós, nos dirigimos a outra igreja - uma que se reúne em um bar e onde Jesus fica pendurado em uma parece, com dreadlocks no cabelo, vestindo uma velha e batida jaqueta militar, para um efeito irônico. Este Jesus tem uma lista, também. Ele olha carteiras de identidade na porta para se certificar que todos estão na idade certa (velhos o bastante para entrar em um bar, jovens o suficiente para se encaixar). Ele distribui cerveja e confere para ver se somos livres o bastante em Cristo para beber. Ele confere pulsos e tornozelos para verificar se há alguma tatuagem - alguma palavra em hebraico, um peixinho ou a forma de uma pomba.

Os conceitos sobre Jesus variam enormemente, mas uma coisa é certa: quando os cristãos imaginam Jesus, Ele é muito esquizofrênico. Ele me ama o bastante para me perdoar por dormir com minha namorada, mas quando eu falho em fazer meu momento devocional seis dias seguidos, provavelmente me punirá de alguma forma passivo-agressiva, como me dando uma gripe ou fazendo meu pneu furar em plena autoestrada. Ele não se importa o bastante com minhas orações a ponto de fazer o câncer da tia Maria ir embora, mas ocasionalmente responderá orações fervorosas por uma vaga de estacionamento no shopping para que eu possa chegar ao cinema a tempo - porque Jesus quer desesperadamente que eu assista O Cavaleiro das Trevas Ressurge e não quer que eu perca os trailers.

O apóstolo João disse, "Quando ele [Cristo] se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é" (1 João 3:2). Isto implica que agora não vemos Jesus em sua totalidade. Segundo as Escrituras, não veremos Jesus em sua inteireza até estarmos em sua presença. Logo, qualquer um que afirme ter sacado Jesus totalmente ou está morto ou enganado.

Vamos falar sobre algumas das imagens comuns de Jesus que temos hoje, e como o verdadeiro Jesus difere delas. Porque há um Jesus verdadeiro - uma pessoa viva, que respira, com pensamentos, ideias, personalidade e opiniões - e há percepções certas e erradas de quem Ele é. E atualmente, há uma terrível quantidade de imagens de Jesus rolando por aí.

Então, quais são estas imagens que os cristãos de hoje têm de Jesus?

"QUEM VOCÊS DIZEM QUE EU SOU?" BEM... UM MONTE DE COISAS

JESUS HOLLYWOOD. Com cabelo liso, na altura dos ombros e olhar penetrante, o Jesus Hollywood é lindo, vestido de vestes limpas, típicas do primeiro século. Esse Jesus fala suavemente o tempo todo, como um tipo de guru místico no alto de alguma montanha. Quando eu me irrito pelo serviço lento de um restaurante, Ele calmamente entoa: "Seja um cristão bondoso e amável". Nossas respostas emocionais ao Jesus Hollywood variam de sentimentos suaves e agradáveis a uma culpa suave, semi-incapacitante. Ele nunca pede nada difícil demais e nunca exige sacrifícios além de cumprimentos educados de fachada dados a estranhos.

Mas este Jesus combina com aquele das Escrituras? As respostas emocionais das pessoas a Ele variavam radicalmente. Eles sentiram terror quando Ele acalmou o mar. Eles experimentaram impulsos odiosos e assassinos quando ouviram seus ensinamentos. Choraram em sua presença, arrependeram-se de seus pecados e caíram aos seus pés em completa e total adoração.

Quando foi a última vez que Jesus te deixou aterrorizado? Quando foi a última vez que você odiou algo que Ele ensinou? Quando foi a última vez que Ele disse: "Venda tudo o que você tem, dê aos pobres, depois venha e segue-me", e você imediatamente não seguiu a ordem, dizendo: "Nããão, Ele não quis dizer isso literalmente. O que Ele realmente quis dizer foi..."?

JESUS BOLA MÁGICA. Lembra-se da Bola Mágica (aquela que a gente balança e ela mostra através de um vidrinho que decisões devemos tomar)? Trata-se de um brinquedo que os cristãos têm constantemente denunciado por causa de seu significado ocultista. Ela é preta! Tem o número oito nela! Ficamos tentando obter direção para nossas vidas a partir dela! Você a agita e dados com muitos lados tendo palavras escritas neles se misturam para darem uma resposta a alguma pergunta que você tenha feito, normalmente relacionada aos sentimentos que alguém do sexo oposto tem por você.

Com muita frequência, cristãos oram desta forma. Eles batem na porta do céu, esperam a resposta de Jesus, o seguram pela roupa e perguntam: "Esta é a pessoa com quem vou me casar?" Nós o agitamos, aguardando uma resposta, seja ela "sim", "não" ou "resposta nebulosa. Pergunte de novo mais tarde".

Cristãos dizem que Deus pode responder "sim", "não", ou "ainda não" - como se Jesus fosse uma Bola Mágica com um número limitado de respostas oportunas. Como se Jesus não pudesse dizer algo como "Você está fazendo a pergunta errada. Lembra-se da semana passada, quando eu te disse para lidar com essa história sua com sua mãe? Vamos cuidar disso antes de conversarmos sobre casamento".

JESUS RETIRO PARA HOMENS. Este é o Jesus cuja figura do macho bíblico miraculosamente se alinha com os ideais de John Wayne - o reflexo perfeito da masculinidade segundo a cultura ocidental. Este Jesus é forte, responsável e sabe dar um soco. Ele conduz sua esposa com uma mão firme, mas amorosa. É o Jesus UFC, e crê em carne vermelha, esportes e assumir o controle de relacionamentos.

Mas Jesus não usou uma metáfora esportiva sequer em seus ensinamentos. Ele não era casado. Usava vestidos. Chorava. E - diferente de um Jesus UFC - não deu nenhum soco quando vieram prendê-lo. Ele nocauteou os guardas quando estes o chicotearam. Não se soltou da cruz para depois levar um mundo de dor para os que o crucificaram. Nem mesmo morreu como um herói, com a glória de um mártir. Morreu como um criminoso, ridicularizado e aparentemente derrotado. E quando ressuscitou, mostrou-se para uma mulher e alguns amigos amados - sem armas, missão de vingança ou alguma trilha sonora épica.

JESUS NOIVO. Há um Jesus especial separado para retiros de mulheres também, e ele é chamado de Jesus Noivo. Este Jesus é para mulheres solteiras. É o substituto amoroso e suficiente para um marido. Sempre que uma mulher solteira se sentir deprimida ou desencorajada por estar solteira, uma das senhoras dizem: "Deixe Jesus ser seu marido. Ele deve bastar para você. Ele pode suprir todas as suas necessidades".

É como se tivéssemos esquecido aquele que disse "Não é bom que o homem esteja só" e fez a mulher como uma resposta a isso. Então, Ele acha que é bom que as mulheres estejam sós?

JESUS ETERNAMENTE IRADO. Ele está sempre procurando uma desculpa para gritar com você por causa de suas deficiências. Ele franze as sobrancelhas e estala a língua quando você falta o culto. Mantém uma planilha dos seus momentos devocionais em sua mesa para saber quando enviar retribuição divina.
Não importa que Deus se descreva como perdoador e tardio em irar-se. O Jesus Eternamente Irado é rápido em julgar e veloz como um relâmpago para punir.

JESUS PAI IRRESPONSÁVEL. Na outra extremidade está um Jesus amoroso no nível da irresponsabilidade. Ele deixa você tomar sorvete até vomitar porque, bem, quer que você tenha o que quiser. Ele olha para o outro lado quando você trapaceia em sua declaração de imposto de renda ou quando baixa filmes e músicas ilegais ou quando mente para seu chefe. Este Jesus entende e não quer que você se prenda a algum padrão moral que te deixe desconfortável.

É claro que o Jesus verdadeiro pagou todos os tributos do templo, nunca roubou, nunca mentiu e chamou seus seguidores para viverem uma vida como a dele. E ele ama você o suficiente para te disciplinar quando você sai da linha, ao invés de olhar para o outro lado, assobiar e esperar até que acabe.

JESUS BEM EXPLICADINHO. Muitos cristãos se sentem pouco à vontade com teologias vagas e incertas. Eles têm que ter clareza precisa sobre o que seja ensino aceitável e inaceitável. Pastores, líderes, autores, líderes de estudo bíblico e presidentes da juventude precisam ter sua teologia claramente explicada - com notas de rodapé.

O que esses cristãos fariam se o Jesus verdadeiro aparecesse contando histórias e recusando-se a explicá-las? O que fariam se Ele dissesse: "Eu conto parábolas para que vocês não entendam"? Por quanto tempo isso seria permitido em seus púlpitos?

Um Jesus que prega com uma introdução, um desenvolvimento em três pontos, conclusão e aplicação é muito mais fácil de digerir. Na verdade, seminaristas aprendem que esta é a forma correta de pregar. Por que eles têm que pregar de maneira diferente da usada por Jesus?

JESUS CAFETERIA. Eu conversei com muitos cristãos e lhes perguntei: "O que você faria com Jesus se Ele estivesse aqui com você por um dia?" A grande maioria das respostas envolve uma profunda conversa de coração aberto sentados em uma cafeteria. Às vezes é para que Jesus possa lhes dizer o quanto Ele os ama. Às vezes é para que fale sobre seus futuros ou os repreenda por seus presentes. A maioria das pessoas gosta da ideia de Jesus sentado na frente delas em uma mesa redonda, degustando um latte e falando da vida.

Eis aqui um desafio: ache um exemplo nas Escrituras onde Jesus tem uma consulta particular com alguém quando não estivesse falando especificamente sobre as Boas Novas. Temos a mulher samaritana (uma conversa evangelística). Temos Nicodemos (uma conversa evangelística). Temos Zaqueu (uma conversa evangelística).

Se Jesus chegasse em sua cidade hoje, é provável que se sentasse com e um grupo de seus seguidores - ou se reunisse em um campo, estádio ou igreja - para ensinar e curar. Se tivesse sorte, você poderia se juntar a Ele durante o jantar com algumas prostitutas e funcionários da Receita Federal. Ele não é o tipo de cara dar-uma-saída-e-bater-um-papo-tomando-um-café.

CHOQUE DE REALIDADE
O fato é que Jesus é uma pessoa real. Acho que ele gosta mais de certas cores e prefere peixe a cordeiro. Provavelmente tem um par de sapatos favorito e um estilo de música que gosta mais do que outros.

Ele não a personificação ambulante de um determinado conjunto de pontos de vista teológicos. É claro que, por outro lado, Ele também nunca está errado em suas convicções teológicas. Mas infelizmente, Ele não é o tipo de cara que se senta e explica tudo ponto a ponto, em algum tratado teológico, ou um credo ou uma afirmação de crença. Ele gosta de parábolas e provérbios, e de ensinar pelo exemplo.

Ele é essa pessoa incrível, fascinante, assustadora, irritante, amorosa, espetacular, incomparável e bela. Ele não está sentado do lado de fora da igreja esperando você. Está bem aí, ao seu lado, dentro de você, à sua volta, esperando para ter uma conversa - sim, ainda que você esteja em uma cafeteria. E eu aguardo ansioso para poder conhecê-lo - o Jesus verdadeiro - melhor.


Matt Mikalatos

Publicado originalmente em RelevantMagazine.com
Acesse o texto original AQUI (em inglês)






terça-feira, 10 de julho de 2012

O novo palavrão do Cristianismo

Todos esses cursos de defesa do cristianismo parecem ter nos deixado desconfortáveis com uma palavra muito básica


Com a ajuda de alguns apologistas e filósofos cristãos, tais como William Lane Craig e Alvin Plantinga, a defesa racional do cristianismo tem desfrutado de uma onda explosiva em anos recentes. O crescente número de matrículas de estudantes de filosofia cristãos, os debates com ampla cobertura com ateístas populares (com uma ajudinha do YouTube), e a crescente coleção de livros de filosofia de grandes editoras mostram o papel dominante que apologistas cristãos exercem na interação do cristianismo com nossa cultura hoje.

Todas essas considerações convidam-nos para um checkup introspectivo. Este é um bom momento para indagar, como fez Soren Kierkegaard, se apologistas cristãos não evoluíram para nada além de uma atividade cultural onde "se ocupam em lidar com cada acusação, cada falsificação, cada afirmação injusta e assim, preocupam-se antes de mais nada em contra-atacar diante de ataques".

"Isto", disse Kierkegaard, "eu não tenho intenção alguma de fazer". Mas isto, creio eu, é precisamente o que muitos apologistas cristãos parecem impulsionados a fazer hoje em praça pública.

Não é um grande segredo que a forma como apologistas famosos hoje respondem a cada "tagarelice e disparate" que aparece diante deles - linha por linha - vem se provando ineficaz e traz algumas consequências muito negativas. Aqui vemos o outro lado da moeda da popularidade dos apologistas cristãos, na constante rendição da Igreja à definição cultural de "racional", "razoável" e "justificado".

Não é possível para nós ignorar a sutil ironia por trás disso. Ao supostamente apresentar uma defesa "racional" para a fé cristã, apologistas cristãos têm com frequência injetado o pensamento ocidental e métodos seculares na Igreja, substituindo o fiel ensino das Escrituras por análises "razoáveis" da Bíblia como um texto histórico.

A Bíblia é clara: O justo vive pela fé. "Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Coríntios 10:31).

Mas "fé", infelizmente, está se tornando o novo palavrão do cristianismo. Mais e mais, apologistas estão sucumbindo a normas culturais. Eles estão trocando "a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta" (1 Coríntios 2:7) pela "tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo" (Colossenses 2:8).

Assim, se nossa apologética não é motivada por nosso amor a Deus, em quem colocamos nossa fé, mas pelo nosso medo de rótulos, então nossa apologética é apenas idolatria, tornando nossa defesa do cristianismo um ídolo para o homem. Devemos substituir esta adoração do homem por um louvor correto a Cristo (lembre-se, "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria"). Somente então teremos a mentalidade correta para defender a fé - para a glória de Deus, não do homem.

Paulo pregava primeiramente pela fé no poder do Evangelho, mesmo ao debater rigorosamente com judeus e gregos (Atos 18:28; 1 Coríntios 1:17). Temos que examinar onde temos depositado nossa ousadia e confiança - é na razão? Em nós mesmos? Ou em Cristo? - para que nos coloquemos na trilha correta.

Nossa fé em Cristo tem que ser maior do que nossa fé na sabedoria e na razão, não importa o rótulo que pode ser colocado sobre nós. Durante a metade do último século, apologistas cristãos foram agraciados com um toque especial. Grandes pensadores cristãos como Cornelius Van Til, John Frame e Greg Bahnsen têm dado um passo a mais na tarefa de restaurar uma visão apropriada e um amor por nossa "convicção de coisas não vistas" através de algo que estão chamando de "apologética pressuposicional". Uma das principais preocupações destes apologistas é injetar a fé de volta à defesa da fé, assim como Agostinho, Anselmo e Pascal fizeram antes deles. Apologistas cristãos, creem eles, devem abraçar e impulsionar-se na fé - com ou sem o consentimento da cultura.

Como Jesus disse: "Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós" (Mateus 5:11). Mentiras, calúnias, tagarelices e disparates sempre virão contra aqueles que pertencem à fé. Mas nós temos sido exortados a considerar estas perseguições como bênçãos, ao invés de as tornarmos racionais, mostrando como somos bons em filosofia.

Como Kierkegaard, devemos dar as boas-vindas a estes ataques, "em parte porque aprendemos no Novo Testamento que a ocorrência de tais coisas é um sinal de que estamos no caminho certo". Se o "palavrão" é nossa letra escarlate, então é a letra que nos fará entrar no Reino de Deus.

Sungyak Kim
é estudante no Seminário Teológico Rerformado, onde  estudou
com John Frame, hoje o mais destacado apologista pressuposicional.
Ele é também pastor de jovens e escreve em seu blog, em thegalatian.wordpress.com.

Traduzido originalmente do site RelevantMagazine.com por Filipe Malafaia