terça-feira, 15 de abril de 2014

A questão da raiz

"Eis que o semeador saiu a semear..." (Mateus 13.3)


As parábolas que o Senhor Jesus contou são fonte quase infinita de sabedoria e lições para as vidas de quem atentar para elas. No capítulo 13 do Evangelho de Mateus, o Filho de Deus conta a famosa parábola do semeador, segundo a qual um semeador saiu jogando sementes por toda parte: ao pé do caminho, em pedregais, entre os espinhos e em boa terra. Nos três primeiros lugares, as sementes não tiveram tempo suficiente para se tornarem ramos vivos, que dessem frutos bons e cumprissem sua tarefa de servir de alimento.
Mas além de todas as aplicações práticas para a vida cristã que esta parábola nos ensina, ela também fala de uma questão de grande importância no texto bíblico: a raiz. O versículo 6 diz: "Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz." Uma simples pesquisa da palavra "raiz" em www.bibliaonline.com.br gera mais de 4 páginas de resultados. Isso se deve, talvez, ao fato de a Bíblia ter sido escrita por homens do campo, homens simples, que tinham na agricultura ou na vida nômade seu meio de vida. A raiz era primordial para a vida deles. Os autores da Bíblia sabiam que uma raiz ruim não podia gerar frutos bons; sabiam também que se a semente não criar raiz, de nada serve, senão para ser jogada fora. Mas, uma vez que a semente penetra no solo e desenvolve sua raiz, ela precisa ser boa. Quando a raiz é gloriosa, os frutos também o são: "Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará" (Isaías 11:1).
Quando a raiz resiste aos obstáculos naturais e cresce, ela pode gerar árvores, ramos, galhos e frutos. Se não nos agradamos dos ramos e dos frutos, de nada adianta reclamarmos com eles, porque tudo o que os sustenta é a raiz em que estão firmados. Paulo escreveu: "Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti" (Romanos 11:18).
Assim como aquilo que produzimos em nosso dia a dia diz muito sobre quem nós somos, também os frutos dizem muito sobre a qualidade da raiz, o que a raiz, de fato, é. Lemos em Provérbios que "o ímpio deseja a rede dos maus, mas a raiz dos justos produz o seu fruto" (12:12); e ainda: "O homem não se estabelecerá pela impiedade, mas a raiz dos justos não será removida" (12:3).
Parece uma situação mais do que lógica. Parece, e é. Paulo, ainda escrevendo aos Romanos, afirma: "E, se as primícias são santas, também a massa o é; se a raiz é santa, também os ramos o são" (11:16). O ensinamento, aqui, é simples: se o começo das coisas é santo, o final delas também será. Entretanto, se as coisas começam incorretas, injustas, pecaminosas, ou seja, se sua raiz é o pecado, seus frutos serão pecaminosos.
A vida cristã moderna tem se pautado, muitas vezes, por atitudes pecaminosas que parecem ter conserto. Ouvimos músicas que dizem "Mas tudo que era torto, Jesus endireitou", como se a raiz má pudesse ser transformada em boa num passe de mágica. 
Mas foi o próprio Jesus quem disse: "Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada" (Mateus 15:3). Se o fruto que você tem colhido foi plantado na carne, ao sabor da sorte, pelos caprichos humanos e até pela ação do diabo, então este fruto é mau, e os frutos que deles vierem - por meio de suas sementes - também o serão. Preste atenção aqui: estou falando de gerações e gerações de frutos maus por causa de uma única raiz não plantada pelo Senhor, em amor e misericórdia.
Não adianta irmos contra a Palavra. Se o que você tem feito é de raiz má, a solução não é somente orar, pedir perdão, e continuar se alimentando dos frutos gerados por esta raiz. É preciso arrancar a raiz fora e jogar uma semente boa em boa terra, para que nasçam frutos bons e justos, que rendam gerações de justiça, paz e amor. Porque "o homem não se estabelecerá pela impiedade, mas a raiz dos justos não será removida" (Provérbios 12:3).